11 anos depois cá estamos, em mais uma
edição do sempre bem-vindo MOTELx, um Festival dedicado a um dos meus géneros
preferidos. Como sempre, estava com a esperança de ver alguns filmes que não
passam, mas são exibidos outros de que nunca tinha ouvido falar e isso é sempre
bom.
Tenho que confessar que este ano não
gosto do spot publicitário do MOTELx com os seus demónios vermelhos. Na noite
da inauguração foi exibido, julgo na sua versão completa, e achei-o chato,
longo e desinteressante; mas é apenas a minha opinião.
Adorei poder aplaudir Roger Corman e
este ano a equipa do Festival esmerou-se na decoração do São Jorge, parabéns!
Tenho um pedido a fazer à organização
do Festival. Percebo que apresentem os filmes, mas não há necessidade de contar
pormenores das suas histórias. Outra coisa, seria possível encurtarem os
infindáveis discursos de abertura ou então começarem a sessão mais cedo? Mas
mesmo reclamando e achando que este ano o terror esteve ausente de alguns dos
filmes apresentados, só tenho que vos agradecer a paixão com que todos os anos
nos apresentam o MOTELx e espero que continuem a fazê-lo por muitos mais anos.
Por motivos de saúde não pude ver todos
os filmes que desejava, mas aqui fica a minha opinião sobre os que vi (confesso
que já tinha visto THE VOID e TRAIN TO BUSAN antes do Festival).
Um grupo de estranhos vê-se encurralado
num pequeno bar, onde acabam por ter que lutar pelas suas vidas. Alex de la
Iglesia volta-nos a dar um filme onde o humor negro e a violência andam de mão
dada, que me fez lembrar o seu LA COMUNIDAD. O elenco é excelente e esta
história sobre um possível apocalipse segue-se sempre com interesse. Sem dúvida
um retrato negro sobre os tempos em que vivemos, cujas imagens finais (não as
posso revelar) nos deixam a pensar. Classificação: 7 (de 1
a 10)
Na noite de Halloween, dois jovens
amigos, que seguiram vidas diferentes, reencontram-se e deixam-se levar pelas
suas memórias e sonhos. Tal como SUPER DARK TIMES, estamos perante um drama
sobre a adolescência, aqui com um leve toque sobrenatural. Os actores são
convincentes e o filme tem uma ambiência surrealista que me agradou; mas
falta-lhe garra. É previsível e demasiado longo. Classificação: 4 (de 1 a 10)
Dois miúdos são usados para o tráfico
de dinheiro e, talvez, substâncias ilegais, o que fazem correndo por um bosque
e atravessando uma linha de comboio. Perdoem-me a ignorância, mas o que é que
esta curta-metragem tem a ver com o cinema de terror ou fantástico no geral? O
prémio é para a melhor curta de terror portuguesa, mas não acho que esta longa
e desinteressante curta tenha alguma coisa a ver com o género. A ausência dos
habituais aplausos no final da sua exibição, leva-me a pensar que não fui o
único a não gostar. Classificação: 1 (de 1 a 10)
A pequena Holly assiste ao assassinato
da irmã e do pai, pelas mãos de sua mãe. Anos mais tarde, já uma mulher casada,
vai com o marido assistir a uma reunião de uma espécie de guru espiritual e
algo de muito estranho começa a acontecer. Depois de nos ter dado o
interessante BASKIN, o ano passado, o realizador Can Evrenol está de volta ao
MOTELx, desta vez com uma história onde a realidade se confunde com o sonho. O
ritmo é demasiado lento para o meu gosto e, talvez porque dei algumas
“cabeçadas” durante a sessão, não percebi nada da história. Visualmente, não
deixa de ter coisas interessantes, mas não me convenceu. Classificação: 2 (de 1
a 10)
Duas amigas, com uma agenda muito
própria, aceitam o convite de dois rapazes para irem acampar junto a um lago
onde, há uns anos atrás, uns adolescentes foram assassinados. A história não é
nova, mas até tem um twist engraçado. Infelizmente, a ausência de suspense, a
falta de empatia que senti pelas personagens e a acção arrastada, que me deu
uma grande pedrada de sono, fazem deste filme o pior que vi este ano no MOTELx.
Classificação:
1 (de 1 a 10)
Na noite de passagem de ano, o jovem e
virgem Nico é engatado por uma mulher mais velha e vai até casa desta. O que
ele não sabe é que ela é adoradora de uma deusa e está desejosa de ter uma
filha. Este é um daqueles filmes que só visto, contado ninguém acredita. O lado
visual e as personagens lembram o cinema de Almodóvar (como um amigo meu muito
bem me disse) e se um dia este fizer um filme onde praticamente todas os
fluídos do corpo humano têm lugar de destaque, no meio de um super excessivo
banho de gore, e com humor de mau gosto, o resultado poderá ser semelhante. Há
um ponto neste filme feio e porco, onde de repente tudo se torna possível e
assistimos incrédulos aos acontecimentos que se seguem. Só é possível vê-lo
enquanto comédia e é de evitar por quem tenha estômagos sensíveis, mas é
inesquecível! Classificação: 4 (de 1 a 10)
Um leão
antropófago alimenta-se nas ruas, parques e redondezas de Amesterdão. Uma
veterinária junta-se à polícia e a um caçador profissional a fim de matarem o
animal. Dick Maas, o realizador de THE LIFT, está de volta para semear o terror
no grande ecrã, mas o seu leão não mete medo e não parece real. Esta suposta
comédia de terror não é suficientemente engraçada para me fazer rir (mas ouvi
muito gente a rir na sala) e falta-lhe um pouco de terror mais a sério. Achei
as personagens demasiado estúpidas, o filme um pouco longo de mais e não
consegue o equilíbrio certo entre o terror e a comédia. Classificação: 3 (de 1 a 10)
Zach e Josh são os melhores amigos, mas
quando um acidente resulta na morte de outro amigo, decidem esconder o corpo e
a partir daí a sua relação nunca mais é a mesma. Não percebo porque é que este
thriller dramático foi escolhido para inaugurar este ano o MOTELx; parece-me
que a equipa responsável pelo festival preferiu apostar num filme mais
“maisnstream” em vez de algo mais arriscado. Não é que o filme seja mau, mas
arrasta-se um bocado e não é um filme de terror. O melhor são os actores, um
grupo de jovens talentosos que dão credibilidade aos seus personagens. Classificação: 5 (de 1
a 10)
Um pai e a sua filha apanham um comboio
para Busan, mas depressa percebem que um terrível vírus, que transforma as
pessoas em zombies, está a bordo e é o salve-se quem puder. O realizador Yen
Sang-Ho usa muito bem a estrutura do cinema-catástrofe dos anos 70 e mistura-a
habilmente com os zombies, dando-nos um dos melhores filmes do género dos
últimos anos, prendendo-nos à cadeira do princípio ao fim. É verdade, o filme é
um pouco longo, mas nunca é chato e tem algumas sequências geniais. A não
perder e, tal como THE VOID, teria sido uma excelente escolha para a sessão de
inauguração do festival. Classificação: 8 (de 1 a 10)
Num hospital prestes a fechar, um grupo
de pessoas vê-se confrontado com estranhas ocorrências e são obrigados a
enfrentá-las. Imaginem que o PRINCE OF DARKNESS e o THE THING, ambos de John
Carpenter, se juntam a um universo Lovecraftiano, com um cheirinho ao
RE-ANIMATOR do Stuart Gordon e ao THE BEYOND de Lucio Fulci, e ficam com uma
boa ideia do que este filme trata. O resultado segue-se com interesse, algum
suspense, atmosfera suficiente e é o tipo de filme que merece ser descoberto
pelos fãs do género. Para mim, este filme bem que podia ter sido escolhido para
a inauguração do MOTELx em vez do SUPER DARK TIMES, que para mim não é um filme
de terror. Classificação: 7 (de 1 a 10)
O Carga acaba com uma dedicatória as mulheres e, ao quão necessárias são na nossa sociedade. Por isso, assumi que fosse uma distopia habitada apenas por homens (visto que nunca surgem mulheres), mas é a unica ligação possivel ao género e já sou eu a extrapolar um detalhe importantíssimo.
ReplyDeleteConfesso que não fiz esse tipo de associação, mas é uma possibilidade.
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