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Saturday, September 23, 2023

MOTELX 2023: UMA CRÓNICA PESSOAL

Já o afirmei mais que uma vez, não faço a mínima ideia de como se organiza um festival de cinema, quais as dificuldades encontradas, nem como se processa a escolha dos filmes a exibir. Em relação a esta última questão, acredito que a grande responsabilidade será das produtoras e distribuidoras dos filmes. Tudo isto para dizer que, mais uma vez, fiquei decepcionado com a programação do MOTELX.

O problema é provavelmente meu. Já sou quase um fóssil cinéfilo, para quem um filme de terror obedece a algumas regras de que ainda não estou disposto a abdicar e concordo quase com a totalidade das palavras de Dennis Gifford no seu livro “A Pictorial History of Horror Movies”: “Para mim, um elemento de fantasia é essencial para um verdadeiro filme de terror: o impossível em vez do improvável. O vampiro, o lobisomem, os mortos-vivos e os monstros criados pelos homens – estes são os heróis do cinema de terror e não os inquilinos, os estripadores e os psicopatas encapuçados”. Verdade, adoro tudo o que tenha a ver com o sobrenatural, mas ao contrário dele, para mim os psicopatas também fazem parte deste género que amo de paixão!

Também confesso que a paciência e a resistência para participar em festivais de cinema já começa a faltar (o peso da idade é uma chatice), tendo o ano passado tomado a decisão que, a não ser que seja um filme que queira mesmo muito ver e que não vá estrear nos nossos cinemas, não assisto mais às sessões de abertura e encerramento dos festivais. Compreendo que tenham que agradecer todos os apoios e apresentar toda a gente, mas os discursos/apresentações parecem intermináveis e a sessão demora a começar.

Na edição deste ano vi três dos filmes concorrentes ao Prémio Méliès d’argent – Melhor Longa Europeia: THE FUNERAL de Orçon Behram, PENSIVE de Jonas Trukanas e HOOD WITCH de Saïd Belktibia. Dos três o melhor foi o último, HOOD WITCH, que para mim não se insere no género terror; é um drama social e racial. Quanto aos outros dois filmes, em ambos a acção arrasta-se e demoram a arrancar. Um problema comum ao THE FUNERAL, ao HOOD WITCH e a outro filme que vi, KKN DI DESA PENARI de Awi Suryadi, é o tempo de duração; não havia necessidade de serem tão longos, as histórias que contam podiam ser contadas em menos tempo e seriam mais efectivos por isso; infelizmente este é um mal que se está a generalizar em filmes do género, como por exemplo o recente THE NUN II.

 Aqui ficam umas pequenas notas sobre os filmes mencionados:

THE FUNERAL aka CENAZE de Orçon Behram – um homem solitário que conduz uma carro funerário é contratado para transportar uma morta durante cerca de um mês, o problema é que a falecida é uma espécie de zombie por quem ele se apaixona e decide alimentar. 

A ideia não é má, mas o ritmo é lento e o que podia ser mais interessante, a existência de um estranho culto, é pouco ou nada explorado. Algumas cenas (todas as com a irmã do protagonista) não fazem falta à história e só servem para prolongar a acção. Portanto, chato e comprido!

Classificação: 3 (de 1 a 10)

PENSIVE aka RUPINTOJELIS de Jonas Trukanas – Um grupo de jovens finalistas vão festejar o final do curso para uma cabana nos bosques e no meio da loucura e da diversão destroem umas esculturas de madeira.  

O supostamente primeiro slasher da Lituânia é um parente pobre do ECOLOGIA DEL DELITTO (Bay of Blood) ou do FRIDAY THE 13TH, com muita carne para canhão, mas cuja carnificina demora a arrancar. As esculturas de madeira são “creepy” mas infelizmente pouco ou nenhum partido é tirado das mesmas e o psicopata é apenas uma arma mortal e nada mais. O mais interessante é a atitude de um dos adolescentes perante o massacre dos seus colegas. 

Classificação: 3 (de 1 a 10)

HOOD WITCH aka ROKYA de Saïd Belktibia - uma mãe solteira que vive de “mezinhas” que supostamente curam enfermidades, é acusada de bruxa quando um dos seus pacientes se suicida. Depressa, vídeos com a sua imagem circulam “viralmente” pelas redes sociais pondo a sua vida e a do seu filho em risco. 

Estamos perante um drama social, que levanta questões como o racismo e o mau tratamento das mulheres nas mãos dos homens, que se segue com interesse e alguma raiva. A melhor cena do filme é quando ela e o filho são atacados por adolescentes numa estação de metro, perante a indiferença de quem passa. Uma suposta cena de exorcismo também é forte, mas não é aquilo a que eu chamo um filme de terror.

Classificação: 5 (de 1 a 10)

KKN DI DESA PENARI de Awi Suryadi – um grupo de jovens em final de curso têm que fazer uma espécie de trabalho comunitário e vão então para uma aldeia mística no meio de uma floresta, onde depressa um deles é atraído por uma entidade sobrenatural que acaba por confrontá-los a todos. 

Pois é, o cenário é bonito, a ideia boa, o elenco não é nada mau, mas as cenas prolongam-se indefinidamente sem necessidade disso e o resultado é muito aborrecido. Supostamente é baseado numa história verdadeira, mas não sei não… 

Classificação: 3 (de 1 a 10)


Houve vários títulos que tinha esperança aparecessem este ano no Festival como por exemplo o novo TOXIC AVENGER, WHEN EVIL LURKS, SUITABLE FLESH, STANIC HISPANICS ou THE OUTWATERS,  mas espero conseguir vê-los por aí. Para o ano haverá mais MOTELX e espero que o terror volte em força. Até lá vamos vendo o que por aí vai estreando ou aparecendo nas plataformas de streaming. Bom cinema e sustos para todos!


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