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Sunday, April 15, 2018

CANIBAIS, ZOMBIES E ALIENS À ITALIANA

Há muitos, mesmo muitos, anos atrás, o cartaz dos cinemas de Lisboa era muito mais interessante, variado e havia praticamente de tudo para todos os gostos. Do circuito de cinemas então em funcionamento faziam parte o Politeama e o Odeon, duas salas que se especializaram, entre outras coisas, em filmes italianos de canibais e zombies. No programa do Politeama de um dos filmes de zombies, escreviam “A nova vaga dos filmes de terror assenta na ficção do retorno à vida dos mortos, mercê de determinados circunstancialismos. Na base desta linha estão os vários zombies que este cinema exibiu com inteira adesão do público amante de emoções fortes.”

E o que é que estes filmes tinham em comum? Uma péssima dobragem em inglês; elencos de talento duvidoso, onde pelo menos um actor tinha alguma fama; muito, mesmo muito sangue; efeitos especiais muito realistas e capazes de chocar os espectadores mais sensíveis; eram porcos, feios e, geralmente, maus. Eram, com raras excepções, interditos a menores de 18 anos (a minha sorte é que parecia mais velho do que na realidade era e assim conseguia entrar nesses filmes) e alguns deles tinham a alerta de “que este filme contém cenas eventualmente chocantes”.

CANIBAIS À SPAGHETTI

Ao contrário dos zombies e aliens que fazem parte desta crónica, que eram inspirados pelos êxitos do cinema americano ALIEN e DAWN OF THE DEAD, pode-se dizer que o género canibal é de autoria italiana. 

Consta que tudo começou com o filme IL PAESE DEL SESSO SELVAGGIO (também conhecido por THE MAN FROM DEEP RIVER) realizado por Umberto Lenzi em 1972, que por cá só estreou em Fevereiro de 1980, com o título NO PAÍS DOS CANIBAIS no cinema Eden; infelizmente não o vi.

A MONTANHA DO DEUS CANIBAL (La Montagna del Dio Cannibale / Slave of the Cannibal God / Primitive Desires / Mountain of the Cannibal God) de Sergio Martino / 1978 

Não condenem os meus pais por isto (eu era muito chato e manipulador), mas tive a minha primeira “experiência” canibal aos 13 anos. O filme chamava-se A MONTANHA DO DEUS CANIBAL, estreou no Politeama em 1 Abril de 1979 e a cabeça de cartaz era a boazona da Ursula Andress (aquela que no filme do 007, DR. NO, saía do mar num “escaldante” fato de banho). A pobrezinha não era grande actriz, nem o filme era muito bom, mas pode dizer-se que os meus pais me iniciaram no gore italiano, mas a verdade é que eu os pressionei para ir ver este filme.

A história era simples. Uma mulher (a “”mamalhuda” Ursula Andress) e o irmão vão para a selva da Nova Guiné na esperança de encontrar o marido dela. A expedição em que este participava desapareceu sem deixar rasto e agora eles vão descobrir a terrível verdade...

Até então nunca tinha visto cenas de canibalismo e percebi que as “canibalonas” tinham um especial prazer em comer o órgão sexual masculino dos homens brancos. Os efeitos especiais eram para o nojento, mas eficazes e o resultado final não era muito mau e, era sem dúvida, divertido.

Melhor que o filme, era o texto do programa do cinema, onde se podia ler “... pleno de espectacularidade e suspense, este filme põe à prova a beleza e a arte de Ursula Andress numa aventura que prende o espectador do princípio ao fim... este espectacular película perdurará na retine do Público pela beleza do ambiente onde se processa esta atraente odisseia.” O cartaz publicitário, que aqui publico, anunciava “Uma aventura no limite do impossível num cenário terrível e fascinante!”.





COMIDOS VIVOS (Mangiati Vivi! / Doomed to Die / Eaten Alive! / The Emerald Jungle / Eaten Alive by the Cannibals”) de Umberto Lenzi / 1980 

No dia 26 de Janeiro de 1981, então com 16 aninhos, vi o meu segundo filme de canibais, onde o veterano Mel Ferrer tentava dar alguma credibilidade ao elenco. Quanto ao argumento, partilho o que escrevi:

“Nos EUA são assassinados três homens com setas envenenadas. A polícia chama Sheila e perguntam a este pela sua irmã mais nova, pois acham que ela, Diana, e a seita de Jonas, o namorado de Diana, estão relacionados com os crimes. Então Sheila com ajuda de Carter (Mel Ferrer) descobre onde está a sua irmã e vai com um tal Mark procurá-la. Eles se embrenham na selva e são salvos, a tempo de não serem comidos por canibais que infestam aquela ilha, pela seita de Jonas. Já na aldeia de Jonas descobrem que este está louco e mantém todos sobre o seu controle. Então Mark, Sheila, Dina e uma indígena fogem da aldeia, mas Diana e a indígena são mortas pelos canibais, ou seja, comidas vivas por estes. Na aldeia Jonas obriga todos a mantarem-se e assim acontece. Sheila e Mark são...” Se quiserem saber o resto terão que ver o filme.

Como devem ter percebido, este filme, onde Umberto Lenzi voltava ao canibalismo, também misturava na sua história uma referência mais que óbvia ao reverendo Jim Jones e à tragédia de Guiana. 

Do elenco fazia parte Robert Kerman que viria a ver dias depois no mais badalado dos filmes de canibais.





HOLOCAUSTO CANIBAL (Cannibal Holocaust) de Ruggero Deodato / 1980 

Este filme estreou em Lisboa um dia depois do COMIDOS VIVOS e viria a vê-lo uns dias depois de ter visto o outro.

Na altura, foi assim que descrevi o seu argumento: “Uma expedição especial, correndo enormes riscos vai ao “inferno verde” (selva da Amazónia) tentar encontrar quatro jovens (3 rapazes e uma rapariga) que para aí se dirigiram e nunca mais voltaram. O interesse desses jovens é o de filmarem cenas de banquetes dos canibais, pelo menos é o que essa equipa pensa que eles filmaram. Essa expedição antes de chegar a um acordo com os canibais, para que estes lhes possam restituir os filmes dos quatro jovens, veem uma canibal ser morta pelo marido por ter cometido adultério (ele introduz uma pedra na vagina até ela sangrar), um massacre de uma outra tribo a outra e são obrigados a participar num banquete. Mas conseguem os filmes e voltam para os USA. Aí o especialista da expedição vê os filmes que os jovens fizeram, e eles não tratam só de banquetes. Num deles vê-se os jovens matarem uma tartaruga e cortarem uma perna a outro guia por este ter sido mordido por uma víbora. Noutro vê-se os jovens a obrigarem os canibais a permanecerem dentro de uma cabana a que eles deitam fogo. Num outro, os 3 jovens violam uma canibal e nos últimos filmes filmam-se a eles próprios até serem comidos. Perante isto os americanos que queriam passar o filme na televisão já não o fazem por ser demasiado brutal.”

Pois é, muito antes do THE BLAIR WITCH PROJECT, Ruggero Dedodato convenceu o mundo que as cenas de violência e canibalismo deste filme faziam parte de um documentário verdadeiro, ao ponto de ter direito a uma reportagem fotográfica na revista “Photo”. O resultado gerou polémica (principalmente as cenas com os animais) e tornou o filme num clássico deste género particular. 

É capaz de ser um dos filmes mais nojentos que já vi, mas era tão realista na sua violência que custava a acreditar que se tratava apenas de um filme. Precedendo o BLAIR WITCH PROJECT, o filme era vendido como “A equipa que filmou as terríveis sequências deste filme foi aniquilada pelos canibais. Uma expedição especial, correndo enormes perigos, conseguiu, porém, recuperar o material filmado.” 

Consta que a sequência em que uma mulher é empalada viva, levou a que o realizador fosse acusado de crime; só se livrou da acusação porque a actriz apareceu viva; mas ele nunca se livrou da fama de ter torturado e assassinado animais (a cena da tartaruga é horrível) para o “bem” do filme. De todos os filmes que vi deste subgénero, este foi o que, sem dúvida, chocou mais gente.
Na altura lembro-me de achar que os actores eram maus, mas que os efeitos especiais eram muito realistas, mais do que qualquer CGI actual. Mais que um filme, é uma experiência e, o aviso na estreia de que “este filme contém cenas eventualmente chocantes” era a sério; a evitar pelos fracos de coração e estômago. 









ZOMBIES À LÁ CARBONARA

Também foi no Politeama, mais uma vez pela mão dos meus pais, que vi o meu primeiro filme de zombies. Quando o filme de George Romero DAWN OF THE DEAD (A MALDIÇÃO DOS MORTOS VIVOS) estreou em Lisboa não consegui convencer, por razões que não me recordo, os meus pais a levarem-me a vê-lo. Mas vi o trailer e fiquei a “babar-me”. Meses mais tarde estreava no Politeama o filme de Lúcio Fulci ZOMBI 2 – A INVASÃO DOS MORTOS VIVOS e desta vez lá consegui persuadir os meus pais a levarem-me (o facto da minha mãe gostar do género ajudava muito). 
Foi assim que, em Abril de 1980, apenas com 15 anos, vi o meu primeiro filme de zombies. 

ZOMBI 2 - A INVASÃO DOS MORTOS VIVOS (Zombie Flesh Eaters / Zombie / Zombie 2: The Dead are Among Us / Island of the Living Dead) de Lucio Fulci / 1979 

Bem, qualquer filme que tenha uma luta subaquática entre um tubarão e um zombie, em que este último mata o tubarão à dentada, tem a minha atenção. Esta é uma das várias cenas de “antologia” deste clássico do terror-spaghetti. A acção começa com um barco a chegar a New York, com um zombie a bordo; entretanto a filha do dono desse barco decide ir procurar o pai para uma ilha tropical. Uma vez lá descobre que os zombies são mais que as mães e estão cheios de fome.

Não posso dizer que o filme fosse bom, mas causava uma estranha sensação de sujidade. Era como se fosse pegajoso e se colasse a nós. Acho que isso era uma imagem de marca de Lúcio Fulci, um realizador que desconhecia na altura, mas de quem em breve viria a ver mais coisas.

Uma das cenas mais famosas, tem a ver com uma mulher que se fecha num quarto para fugir dos zombies. Estes conseguem partir a porta, deixando um bocado de madeira espetado; um puxa-lhe pelos cabelos e vai-a puxando para ele. Ela grita com terror ao perceber que vai espetar o olho naquele bocado de madeira. Algo que Fulci mostra sem rodeios. Noutra cena, uma outra mulher leva uma dentada na garganta e o zombie chupa-lhe a traqueia como se fosse um esparguete. É verdade, era um verdadeiro festival de gore. Como dizia no cartaz “Se você não desviar os olhos do écran durante todo o filme - merece um prémio!” ou então, a deliciosa frase publicitária “Se você não tiver medo ao ver este filme, é porque está morto!” No programa dizia “o terror e a ficção dão-se as mãos neste filme”.

A cena final, com os zombies a invadirem a ponte de Brooklyn é das mais eficazes do cinema de terror. Um filme obrigatório para todos os fãs do género, mas que tenham estômago forte.

Lucio Fulci, sem dúvida o especialista italiano de zombies, voltaria ao assunto em mais alguns títulos doentios. Dois deles, AS SETE PORTAS DO INFERNO e OS MISTÉRIOS DA CIDADE MALDITA, estrearam no Politeama e o outro, A CASA DO CEMITÉRIO, estreou no Odeon. Todos tinham ideias interessantes, mas os actores eram maus e a lógica era algo que não interessava muito a Fulci. 











AS 7 PORTAS DO INFERNO (E Tu Vivrai Nel Terrore - L'aldilà / The Beyond / Seven Doors of Death) de Lucio Fulci / 1981 

Quando, em 27 de Maio de 1982, vi este filme, nunca pensei que este se viria a tornar um filme de culto e uma referência para os fãs do terror. Relendo o fraco resumo do argumento que escrevi na altura, dá para perceber que o a história era um bocado confusa.  O cartaz publicitário do filme prometia “algo de novo no mundo da emoção e do suspense!”

“Na Louisiana em 1912 num hotel, um grupo de cidadãos matam todos os hóspedes acusando-os de serem demónios. Um desses hóspedes, um pintor, diz-lhes que aquele hotel está feito sobre uma das sete portas do inferno, mas eles não acreditam e matam-no também.
Já em 1981, uma jovem herda o mesmo hotel, muda-se para lá e pensa transformá-lo num grande hotel, mas logo no princípio um dos empregados morre, logo seguido de outro e do aparecimento de um estranho corpo na cave, o corpo do tal pintor. Todos estes corpos vão parar ao hospital; aí a mulher de um dos mortos entra na morgue para vê-lo e caindo morre queimada por ácido sulfúrico, a filha vê-a morrer e fica estranhamente cega. Entra a dona do hotel e conhece uma cega que a avisa sobre o hotel, cega essa que o médico diz não existir. Aos poucos e poucos coisas estranhas acontecem no hotel e um homem que investiga sobre o mesmo é comido por aranhas. Por fim o médico descobre que afinal é mesmo ali uma das sete portas do inferno. Descobre então que toda a população morreu e são agora zombies. Fugindo destes vão parar à cave do hotel e então entram no inferno ...”









OS MISTÉRIOS DA CIDADE MALDITA (Paura Nella Città dei Morti Viventi / City of the Living Dead/ The Gates of Hell) de Lucio Fulci / 1980

Apesar deste filme ser anterior ao 7 PORTAS DO INFERNO, só estreou por cá cerca de um mês depois, em 24 de Junho de 1982 e dizia o programa “o terror assenta arraias em os Mistérios da Cidade Maldita” e dizia também “que só se recomenda a pessoas com temperamento e nervos fortes”. Pelo que me lembro, o argumento ainda era mais confuso que o das 7 PORTAS, ora leiam lá o meu resumo escrito após a visão do filme.

“Numa pequena cidade nos USA um padre enforca-se, abrindo assim as portas do inferno. Em New York uma rapariga sabe através de uma sessão espírita que tem que fechar as portas porque senão os mortos voltarão à vida. Entretanto na cidade estranhos acontecimentos vão tendo lugar, como desaparecimentos e crimes. A rapariga mais um jornalista vão para a tal cidade e sabem que têm que fechar as portas antes do Dia de Todos os Santos. Entretanto, zombies invadem a vila. A rapariga e o jornalista, com a ajuda de um médico, entram no túmulo do padre e ...”

Na altura não resisti e fiz um inventário das coisas que aconteciam ao longo do filme, e para ficarem com uma ideia do que estou a falar, reproduzo aqui o mesmo: “enforcado, aparições, sessão espiritismo, rapariga morre deitando tripas e órgãos pela boca, ladrão de túmulos, pervertido, uma cabeça é trespassada lado a lado por uma broca, tempestade de vermes, profanadores de túmulos, ratos, sepultada viva, zombies canibais”. No contexto do filme, muitas destas coisas não faziam grande sentido, mas que ajudavam a criar um ambiente surrealista e demente, ajudavam.








A CASA NO CEMITÉRIO (Quella Villa Accanto al Cimitero / The House by the Cemetery / Zombie Hell House) de Lucio Fulci / 1981 

Este vi no dia 9 de Abril de 1983, já tinha 18 anos e quase que já tratava o Lucio Fulci por tu. Transcrevo para aqui o resumo do argumento (tem spoilers) e a “crítica” que escrevi nessa data e, como vão poder ver, os meus dotes literários já não eram muito bons nessa altura.

“Um casal e filho vão viver durante 6 meses para uma mansão junto a um cemitério. O marido vai para aí para investigar o que levou o seu colega, que vivera ali, a matar a amante e a suicidar-se. Entretanto, o filho arranja como amiga uma miúda que ninguém vê e que prevê os crimes. Estranhas coisas vão acontecendo na casa e no clímax tudo é descoberto. Na cave da casa vive um médico zombie que para continuar vivendo alimenta-se de outros humanos. O casal é assassinado, mas o miúdo escapa, pois, a miúda e a mulher do zombie, que é um fantasma, salvam-no.”

“Lucio Fulci é já um especialista de filmes de terror italianos, infelizmente todos os seus filmes são medíocres. No entanto este consegue ser melhor que os dois últimos (AS 7 PORTAS DO INFERNO e OS MISTÉRIOS DA CIDADE MALDITA) e pela primeira vez Fulci consegue fazer suspense, que apesar de fácil enerva o espectador. Por outro lado, também este filme não tem tantos mortos e crimes violentos como acontecia nos outros. Mas o sangue e as vísceras, tal como os zombies, voltam a estar presentes como de costume nos seus filmes. A música continua a não prestar tal como o argumento, que consegue ser melhor do que nos outros filmes. Quanto aos actores, continuam péssimos como de costume nos filmes de Fulci (culpa dele ou não, nunca saberemos) e também, como é hábito, Katherine MacColl é a principal actriz feminina do filme, mas continua péssima. Mas apesar de tudo não vale a pena ver.”

Fui ver este filme com uns amigos e, durante muitos anos, uma das minhas amigas, por causa deste filme, tinha um medo horrível que alguém lhe puxasse as pernas por debaixo de uma cadeira ou cama. Os filmes não eram bons, mas deixavam a sua marca!

Vi mais alguns filmes (entre eles um péssimo ZOMBI 3) do mestre Fulci, mas nenhum deles me marcou como estes quatro títulos. Apesar de ter que confessar que não gostei de nenhum deles, a verdade é que tinham uma qualidade única – eram peganhentos e saíamos do cinema a sentirmo-nos sujos; era como se qualquer coisa de estranho se tivesse colado a nós e essa sensação custava a desaparecer. Mais que filmes, eram verdadeiros pesadelos, onde ninguém estava a salvo e onde tudo podia acontecer. 




ALIENS À BOLONHESA

E já que estamos numa de filmes de terror italiano, estes também tiveram as suas imitações do ALIEN de Ridley Scott. Chamaram-se UMA AVENTURA FASCINANTE e ALIEN VOLTA A ATACAR e ambos aterraram no Politeama. Sofriam do mesmo mal dos filmes de zombies e de canibais, os actores eram maus, o som era dobrado, mas a carnificina abundava e os efeitos especiais eram suficientemente realistas para chocar os mais sensíveis.

A fim de se distanciarem do filme de Ridley Scott, ou por razões económicas, a acção de ambos passava-se na Terra.

UMA AVENTURA FASCINANTE (Contamination - Alien Arriva Sulla Terra / Contamination / Alien Contamination / Toxic Spawn) de Luigi Cozzi (também conhecido por Lewis Coates) / 1980 

Este vi-o no dia da estreia em 2 de Janeiro de 1981 (tinha 16 anos) e, para além de ser directamente inspirado pelo ALIEN, também tinha um cheirinho da versão dos anos 70 de INVASION OF THE BODY SNATCHERS de Philip Kaufman. Na altura, foi assim que eu resumi o seu argumento: 

“Um navio entra no porto de New York com toda a tripulação morta de maneira estranha. No seu interior existem milhares de ovos, que quando explodem arrebentam as pessoas (começam a inchar e por fim rebentam, saltando tripas, sangue e carne por todo o lado). Uma rapariga e dois rapazes, para descobrirem o que é que se passa têm que ir para uma ilha, a onde encontram uma colónia de ovos. Depois de destruírem os ovos e enfrentarem a mãe alien...” e mais não posso contar, vejam o filme para saber como acaba.






ALIEN VOLTA A ATACAR (Alien 2 - Sulla Terra / Alien 2: On Earth / Strangers / Alien Terror) de Ciro Ippolito (também conhecido por Sam Cromwell) / 1980

Uns meses depois do UMA AVENTURA FASCINANTE, no dia 2 de Abril de 1981, estreava no Politeama este filme que, de acordo com o programa, “atrai quantos o virem pelo intenso suspense que o envolve em cada cena, a que um feérico technicolor empresta um ambiente infernal”. Digam-me lá se eles não sabiam vender os filmes?

Curiosamente, apesar de ser um descendente do ALIEN, o seu extra-terrestre de tentáculos tipo tripas tinha mais a ver com o THE THING do John Carpenter, que só apareceria uns anos mais tarde. Fica aqui o resumo do argumento que escrevi na época e não resisto a partilhar o desfecho do filme, portanto este texto contém “spoilers”:

“Uma nave espacial regressa à Terra, só que quando a abrem não há sinal dos astronautas. Entretanto, um grupo de jovens prepara-se para irem examinar uma gruta que descobriram. Mas antes de irem para lá, um deles descobre uma pedra azul e oferece-a a uma das raparigas, Lynda (não sei se este é o nome dela do filme, mas não me lembro do seu nome). Já dentro da gruta a pedra move-se e de dentro dela saí uma espécie de tripa com um bocado de carne agarrado a ela; esta tripa é o alien (vindo da nave espacial, só que eles não sabem). Um a um os jovens vão morrendo, ficando para o fim Lynda e Cliff (também não sei se é este o nome dele no filme); eles conseguem sair da gruta (esqueci-me de dizer que Lynda era telepática e vi as coisas antes deles acontecerem). Metendo-se no carro conseguem chegar à cidade, só que não vêem nem ouvem ninguém. Separando-se, Cliff é morto pelo alien e Lynda perseguida por este, acabando ela gritando no meio da rua. Ela é a única pessoa viva na cidade, todos foram mortos pelo alien e talvez nós sejamos os próximos a ser mortos.”





















CONCLUSÃO

Acho que me deixei entusiasmar e escrevi uma crónica demasiado longa, as minhas desculpas pelo facto, mas ainda falta uma pequena conclusão.

Hoje em dia não temos este tipo de filmes nos nossos cinemas e, apesar da qualidade desses títulos ser muito duvidosa, o que é certo é que tinham os seus fiéis seguidores e o seu lado sujo e impuro iria contrastar com os actuais filmes de terror, onde os actores são todos muito perfeitinhos e onde tudo é tão clinicamente limpo e politicamente correcto que até chateia. 

Quanto aos cartazes, tinham frases publicitárias hilariantes. Que saudades desse tempo! Para terminar aqui vos deixo mais meia-dúzia de cartazes, os primeiros três são de filmes que vi, mas dos quais não me recordo de nada; os outros três, tenho pena, mas não os vi.

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